domingo, 14 de março de 2010

MAIS DO QUE UM POVO SOFREDOR





Povo escravizado,portador de uma longa história e de uma riquíssima cultura, por todos reconhecido como uma população cruelmente discriminada, que de há 188 anos a esta parte,mais do que nunca ,continua a ser progressivamente despojada das terras recebidas dos seus ancestrais,sistematicamente perseguida,martirizada e chacinada com a maior desfaçatez e absoluta impunidade, por grupos de "habitadores" a quem,com alguma relutância,também chamamos brasileiros.É uma relutância que sinto não ser descabida se tivermos em conta que ao longo de muitos milénios foram aqueles e não estes os detentores daquelas.Ainda hoje (os que têm conseguido sobreviver à barbárie),resistindo a sucessivas tentativas de aculturação, ali vão conseguindo manter as suas tradicionais formas de relacionamento social e as saudáveis relações com a terra que fruem,bem como com o resto da natureza que os envolve.
Mas,não perdendo a linha de pensamento, direi que a presença maciça da população índia na formação do povo brasileiro,foi sempre preconceituosamente desprezada pelos seus compatriotas Mazombos (indivíduos descendentes de europeus nascidos no Brasil - que nada têm de sangue português) e não só, que sempre os consideraram seres inferiores.
Hoje,pesando o facto de ser tardio, o quadro começa a mudar.
A verdade genética mostra-nos curiosas realidades.Pesquisas recentemente levadas a cabo por equipas do Departamento de Bioquímica e Imunologia e Departamento de Biologia Geral da Universidade Federal de Minas Gerais,revelaram que enquanto a maioria das linhagens paternas dos brasileiros é europeia, fundamentalmente portuguesa,cerca de 60% das linhagens maternas do povo brasileiro é ameríndia ou africana.Verdades que muitos persistem em escamotear e que a todos mostram a importante presença índia na formação da actual população brasileira.
Na verdade são os Índios e seus derivados, os portadores de uma verdadeira identidade histórica,que permitem chamar a si próprios o direito ao legitimismo brasileiro e não a quaisquer outros grupos de indivíduos que há muito por ali existem,mas que na opinião dos primeiros, não passam de meros ocupantes dos seus territórios.
Tal como o mundo acabou por entender que África é dos negros ( e seus derivados), também aqui urge que o mundo entenda que as terras brasílicas são dos índios ( e seus derivados) para assim se pôr termo ao genocídio de que está a ser vítima aquele povo.Todos percebemos que são eles os verdadeiros,com cultura própria e profundamente enraizados naquelas riquíssimas terras onde uma significativa parte, no dia a dia,assume práticas tradicionais das suas mais remotas ascendências,cuja relação com o mundo passa pelo profundo respeito pela terra que trabalham e fruem com critérios protecionistas;dela se sentindo parte integrante,ao ponto de nenhum humano se considerar acima da criação mas antes parte dela,com a obrigação de forjar relações de respeito e equilibrio com o mundo envolvente.
Mas a realidade actual da nação brasileira afirma-se com outro tipo de grupos populacionais,com maior peso numérico, e não só, em relação àqueles.São pessoas que na sua maioria e em todas as áreas, passou a ter o mando no Brasil,mas que há mais de 180 anos pouco ou nada têm conseguido fazer em prol do bem estar do "verdadeiro povo" esse que, com sangue e muito suor,na absoluta pobreza ali vive e com ordenados de miséria trabalha nesta riquíssima terra ameríndia.Uma preciosidade que em 7 de Setembro de 1822,um frouxo príncipe português colocou,de mão beijada, na posse de um grupo de incapazes, que de geração em geração se veem notabilizando pelas suas incompetências governativas.
Como corolário do atrás referido,assistimos hoje à deprimente realidade de um povo oriundo de um dos países mais ricos do mundo ,que para fugir à fome sofrida na sua terra e passar a viver com alguma dignidade, emigra para vir realizar-se no país mais pobre da Europa:- Portugal.
Colocada esta pequena nota de actualidade ,direi que por mais que ainda hoje custe a alguns (muitos) brasileiros, é importante perceberem que a "Pátria Brasileira" começou a ser construída muito antes de 1822 e segundo uma modelar estratégia,arquitectada pelos portugueses assente em princípios de unidade territorial,unidade linguística (com a utilização do português como língua materna) e com a homogeneidade cultural Lusitana implementada com o processo de colonização iniciado em 1500.
Naturalmente que aos brasileiros atrás referidos,que inventam "piada de portuga",que gozam com "o sô Manoel-padeiro ",que dizem ter sido preferível um Brasil colonizado por espanhóis,holandeses ou Ingleses do que por portugueses, a esses importa recordar que não fosse a forma muito própria como os portugueses,logo nos primeiros contactos,se relacionaram com as populações indígenas;o Brasil nunca teria (com excepção de tudo o que tem resultado das más governações iniciadas em 1822), a grandeza que hoje tem.
No tocante às colonizações espanhola,holandesa e inglesa,pensemos um pouco o que foi a acção colonizadora espanhola na América e nos países que dela resultaram.
Se quisermos ir mais além,recordemos a realidade colonizadora holandesa e inglesa na África do Sul onde, na colónia do Cabo, os holandeses "boers" destruíram os bosquimanes e massacraram os negros com inimagináveis requintes de malvadez,após o que foram vencidos pelos ingleses que por sua vez, passaram a dominar a África do Sul seguindo a mesma linha de massacre dos negros,acabando por ali instituir o terrível "aparted".Mas também não devemos esquecer a Indonésia, as crueldades ali praticadas.Seria bom reflectir o que foram e o que causaram as sangrentas guerras de Sumatra (1838-1873-1909),de Bali (1906-1908) e o tipo de escravização dos indígenas que a elas sobreviveram ,e a que ficou ligado o cruel nome "Van den Bosch".
Este tipo de colonizadores por onde passaram não faziam mestiçagem .Por isso mesmo não
temos dúvida de que se a colonização do Brasil tivesse sido feita por eles, a maioria dos brasileiros de hoje, não existiria .Seus avós não teríam conseguido resistir às habituais perseguições racista inglesas.



sexta-feira, 5 de março de 2010

O PARADIGMA


Toda esta construção a que hoje chamamos Brasil,foi e é absolutamente paradigmática se comparada com as restantes ocorridas na América Latina ou nalguns países de África.
No essencial, toda ela assentou numa primeire fase,na usurpação de territórios pertencentes a grupos tribais ameríndios e também no célebre roubo feito pelos portugueses aos espanhóis com a anexação de regiões que,segundo o tratado de Tordesilhas (1494),pertenciam por direito à América Espanhola, e numa segunda fase,a nosso ver a mais importante,com um processo de miscigenação que os portugueses,com as suas características próprias,aqui levaram a cabo.
Portugueses e ìndias agrupados com população negra para ali deslocada,todos interagindo, criaram uma humana preciosidade que hoje presenteia todo o mundo com a mais bela mestiçagem do planeta.
Retomando o "desvio feito" pelos portugueses aos amigos espanhóis,importa recordar que foram cinco milhões de quilómetros quadrados que serviram para aumentar o território que então era o Brasil.
Uma vastíssima área que os portugueses acabaram por demarcar e que passaram a manter como sua .
Uma soberania com a área de 8.514.876,599 Km2,(hoje a quinta maior do mundo) correspondente a 47% da América do Sul,actualmente detentora de entre 15 a 20% da biodiversidade mundial, com uma dominadora riqueza florestal amazónica,de 3,6 milhões de quilómetros quadrados.
Naturalmente que toda esta imensa realidade geográfica para ser,como foi, criada e defendida, obrigou os portugueses a terem de se confrontar com várias frentes bélicas, de onde acabaram por sair vencedores.
De início,com populações autóctones e em fases subsequentes com países invasores europeus como os Holanda ,que na segunda década do século XVII,com um exército de 1700 homens ousaram invadir a Baía ,uma invasão que os portugueses com prontidão e total eficácia neutralizaram ,tendo sido totalmente dizimado o exército invasor.

UMA ESTRATÉGIA COLONIZADORA


Estamos a falar de uma dimensão continental ,formada por vinte e sete estados, de falantes de língua portuguesa, não decorrente de quaisquer dinâmicas anteriores a 1500 mas tão somente de uma estratégia forma de colonização típicamente Lusitana,ali iniciada pelos homens de Cabral,no litoral brasílico, e continuada com progressivas penetrações e subsquentes ocupações de zonas sertanejas,tudo sustentado por fecundas relações miscigenatórias com os povos aborígenes.